{b

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Anos

Já não sei, não conto anos
Foram tantos desenganos
que os deixei de contar
Já nem sequer conto os dias
frutos de noites tardias
feitas de espera e sonhar
Já não conto mais as horas
desde que fiz-me senhora
do meu tempo pequenino
castrei meus sonhos meninos
tão tenros de mocidade
por uma felicidade
que nunca vi na viagem
que fiz aqui de passagem

Nessa vida retirante
conto de hoje em diante
os sorrisos das pessoas
tardes vividas à toa
flôres de muitos jardins
rosas, gerânios, jasmins
beijos, afagos, lembranças
de doces tempos de infância
Conto sim, a nossa história
trechos rasos de memórias
marcas fincadas no rosto
o pó de muito desgosto
Cheiros de sal e de terra
tantas batalhas e guerras
Tantas que nunca venci
Muitas nas quais eu morri


E contarei, com certeza
da vida, toda a beleza
lugares por onde andei
Mas dias, anos e meses
feitos de tantos revezes
Eu não mais os contarei

Menina do Rio

Imagem da net