Rendo-me a este amor que me consome
Numa fome de paixão que me alucina
Que me seca, me enlouquece, me domina
Na ausência infinita desse homem
Será ele um deus, um Adônis, ou quiçá
Um mito, uma caça ou caçador?
Espreitando na floresta um rumor
Das ninfas dos bosques a cantar
São tantas deusas e - tão belas!
Armadas de arco e flecha até os dentes
De todas as formas e sorridentes
Vestidas de lobas e donzelas
Nesta luta qual seria o meu destino?
São guerreiras destemidas a disparar
Suas fechas, seus encantos pelo ar
Pelo amor de um doce deus menino
Pobre ninfa sonhadora e triste...
A correr entre as árvores à procura
Desperta desse sonho, essa loucura
Adônis é só um mito – não existe...