{b

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Ilusões

Havia um dia uma aldeia de criaturas no
fundo do leito de um grande rio cristalino.
A corrente do rio passava silenciosamente
por cima de todos eles, jovens e velhos,
ricos e pobres, bons e maus, a corrente
seguindo o seu caminho, só conhecendo
o seu próprio ser cristalino.
Cada criatura, a seu modo, se agarrava
fortemente às plantas e pedras do leito do
rio, pois agarrar-se era seu modo de vida e
resistir à corrente era o que cada um tinha
aprendido desde que nascera.
Mas uma das criaturas disse, por fim!
Estou farto de me agarrar. Embora não possa
ver com meus próprios olhos,espero que a
corrente saiba pra onde está indo. Vou
soltar-me e deixar que ela me leve pra onde
quiser. Se me agarrar, morrerei de tédio!
As outras criaturas riram-se e disseram: Louco!
Se você se soltar, esta corrente que você adora
o lançará despedaçado sobre as pedras e sua
morte será mais rápida do que a causada
pelo tédio!
Mas ele não lhes deu ouvido e, respirando
fundo,soltou-se ,e imediatamente foi lançado
e despedaçado pela corrente .Mas com o
tempo, como se recusasse a tornar se agarrar,
a corrente o levantou, livrando-o do fundo e
ele não se machucou nem se magoou mais.
E as criaturas mais abaixo no rio, para quem
ele era um estranho ,exclamaram: Vejam, um
milagre! Uma criatura como nós, e no entanto
voa! Vejam, é o Messias que chegou para nos
salvar!E aquele que foi carregado pela corrente
disse: Não sou mais Messias que vocês. O rio
tem prazer em nos erguer à liberdade, se
ousarmos nos soltar. O nosso verdadeiro
trabalho é essa viagem, essa aventura!
No entanto, cada vez mais exclamavam:
Salvador!; enquanto se agarravam às pedras;
quando tornaram a olhar, ele se fora , e eles
ficaram sozinhos, inventando lendas sobre
um Salvador...

(trecho adaptado do livro de igual título de Richard Bach)

domingo, 10 de dezembro de 2006

Eu...por eu mesma

Eu nasci no dia 11 de dezembro há 52 anos atrás.
Tem história pra um bom livro, mas não hoje.
Um dia quem sabe... Hoje eu só quero pensar que
entre chuvas e trovoadas, tempestades e raios,
saí com alguns arranhões, mas nada que não
pudesse curar. Ficaram cicatrizes, mas são elas
que contam a minha caminhada e nos espinhos
que me rasgaram as carnes colhi muitas flores;
e das flores tirei sementes que germinaram e
brotaram lindos ramos. Ganhei amigos e perdi
amores, mas posso dizer que o saldo tem sido
positivo. Hoje encerro um ciclo, pra renascer
amanhã das cinzas como o sol nasce após a
escuridão da noite. Sou como o sol. As vezes
me perco entre as nuvens mas mantenho meu
brilho,afinal eu nasci no verão.
Essa sou eu; até extinguir meu último sôpro

pela acção do tempo!